O Eco dos Pássaros

zine digital | edição #1

Nota introdutória

Para os pássaros cantar mais do que natural é inevitável, partilhamos com eles esse desejo profundo de comunicar, de anunciar ao mundo que existimos. É a arte através das suas mais variadas formas que melhor nos permite exprimir a complexidade da nossa existência, e é através dessa expressão que nos podemos encontrar uns aos outros, ou mais importante, encontrarmo-nos uns nos outros.

É talvez paradoxal que o mesmo grito, ou canto, com que manifestamos a singularidade da nossa existência seja simultaneamente o mesmo que nos aproxima, ou talvez seja só uma lembrança de que na raíz somos o mesmo. Vivemos tempos em que é mais difícil cantar, pelo menos com a liberdade de que gozam os pássaros, e é por isso urgente que o façamos o mais alto possível para que nos possamos sentir juntos, para que juntos cantemos mais alto.

Sentimo-nos hoje como, se de alguma forma, atirados de volta para a caverna da alegoria de Platão, isolados da realidade e uns dos outros, contudo temos a memória do mundo real e o sonho de que pode ser melhor. Desta vez cantamos e de cada caverna, por entre as sombras para afastar o medo, haverá, pelo menos, um eco.

Tiago Marcos é curador da iniciativa “O Eco dos Pássaros”