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Em Confinamento

Medo acrescido, espaço fechado
Corpo saudável
Encontro-me estável
Dentro do mobiliário táctil.

Danço, canto, ligo
Quero, mas não desligo.
De cabeça forte lembro-me do meu Norte.
As passadas que já caminhei relembram
A calçada que quero de forma diferente pisar.
Reconhecendo-me de uma nova perspetiva,
Afirmando-me com mais fé e menos café.
Quem em outrora fui e
​No presente escolho ser Indivíduo que pratica ação consciente



Planto nova semente, na minha mente
No meu campo mais fértil
De mente mais ágil e predisposta.

Abraçar emoção, sem estrafegar
Reconhecendo que a realidade nunca merece ser
Um meio de controlo ou manipulação.

Viva o 25 de Abril!

Arte interna,
convivida com vida
Espaços criados por autor
Sem procura de público
Arte contada ao próprio
Acasos em que saem
Causas sem razão
Acasos
Entravos rancorosos sem aparente razão
​Causadoras de necessária controvérsia?

Entrega artística
Limpa, sem causa?
Despropósito de vida
​Riscos vitais.

Cultura
Hábitos, diários
Práticas que levam anos a serem aprimoradas.
Desqualificação emocional, questões impróprias,
Inerentes, do desconhecido
Mal-entendidos causados por questões inoportunas ou impertinentes
Ansiedade causada por desconforto
Medidas sem métrica
Cuidado Inácia!
Olha a Inércia

​Esfregonas molhadas,
Caras cansadas,
Das vidas que algumas ficaram paradas.

Alma de artista
Que vive à risca
Põe a vida na pista
​Porque o tempo não existe para parar

​Começar algo de novo.
O famoso ovo do ano passado,
Com uma fita ducktape colada à parede
Isto faz alguém pensar?
Será que alguém se irá animar?
Ou virá a política do Medo?
Do Poder,
Mas aí falo e Sou Gente,
Espero pôr as almas a escutar,
Talvez até de traumatizar e até quem sabe reumanizar.

​Acordo, levanto.
Sem espanto!
Gosto, mas não me encanto.
Preparo café, como uma laranja ou
Tomo vitamina C.
Abro um portão.
De chinelos piso a relva.
Flito ligeiramente os joelhos,
Com os pés à largura das ancas
Ponho as mãos ao nível do sacro
E sorrio.
Elevo o meu peito,
Deixo-me banhar pelo sol,
Entrar pelos meus poros.
Deixo a melatonina começar a produzir e
Correr pelo meu corpo latente.
​Premedito o que quero, o que desejo de bem e
A quem.

Imponho a minha ignorância!
Viva a minha insignificância!
Bem-dita a minha infância.
Bem-dito o meu erro.
Aí me reconheço,
Ganho espinha.
Já enraizei.
Já abracei a Terra,
A minha Mãe
Sou Homem
Sou Mulher
Sou indivíduo e pessoa,
Ação que cria reação e,
Repercussão por onde escolho passar
O que escolho enfrentar.
Nunca me darei a ninguém,
Só a mim me ofereço
Agradeço
A vida não tem preço!
Para além do valor que dás ao Amor.
Alma, já vendi.

Cansei de estar cansada,
Irada,
De me chamarem de frustrada,
Enquanto me dedicava à bula, ao dinheiro.
Era isso que me diziam que vinha primeiro
O dever e o direito, isto respeito.
E eu estava em terceiro.
Quando ia para o recreio,
Parecia um cativeiro,
Do qual só me libertava no chuveiro e
A rotina era sempre a mesma, PONTO E VÍRGULA

​Acorda, escola, treina, dança.
Aí aprendi que a vida cansa.
Método
Onde fica o meu espectro,
Qual é o meu tamanho,
A minha voz,
Somos um todo,
Ou só partimos de um parto?
Da vida não me farto.
Fartei de ser fardo.
Mas a mim nunca mais me largo.

Amor próprio
Pavor de me quererem voltar a partir
Medo de quem não sabe fazer sorrir.
Somos um meio, um todo.
Se só viras o nariz,
De fácil me fácil me fazes curar a cicatriz.
Olho, reconheço, retraio mas não me
Calo.

Fartei do falo,
Genitália.
A glória de ser mais do que Sou,
Tudo o que começa acaba.
Método
A minha história não acaba aqui,
Só começou quando aprendi que podia
Escolher.
Pensar o que queria fazer
Acontecer,
Acho que isto é Vencer,
É mais que sobreviver.
É Entender, Compreender, Reconhecer
Só aí se faz com Propósito.

Transubstanciar
Ganhar um novo olhar
Viver Sem desdenhar
Sem o mal entranhar
E arrastar o que não deve pesar
Voltar a caminhar
Desfrutar, degustar
Sem se Acabrunhar
Falar e rir desalmadamente
Amar-me, para amar e cuidar o próximo.

Bem-dita infância vivida em Ignorância
De boca fechada, cara trancada
Vida Séria, de competição,
Onde muita era a minha emoção.
Mas ninguém, poderia ter noção.
Tal emoção ficou, muito arrastei.
Mas como era coração mole e sempre perdoei.
Nunca soube recuar.
Lá estava mais uma luta para enfrentar
Repetir e aperfeiçoar.
Medo de desonrar,
Não me queria deixar magoar
Nem deixar alguém chateado, mal-humorado.

Violência.
Deu-me cabo da paciência,
Não tenho tempo para deprimência
Não quero acabar com demência
Quero conhecer como alguns não puderam
Não cá estavam
Mas sobrevivi
De muito
Vi de muito
Irei ver e fazer
Vou dar a mão para não ver infelicidade
Nesta realidade
Que tanto precisa de humanidade
Sorrir e saber fazer sorrir
Ser palhaço com a própria desgraça!
Aprender a viver com parasita e reconhecê-lo,
É vencer mesmo que o teu próximo não queira.
Ver, reconhecer e fazer algo acontecer.
Eu tenho de compreender,

Para continuar a Viver.

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Sílvia Leite

Tenho 24 anos, sou Portuguesa e Algarvia de Loulé. Cresci até aos 13 anos no Algarve, tendo a dança sido a minha atividade extracurricular de eleição. Participei várias vezes no Concurso de Artes Infantis e Juvenis de Albufeira. Aos 15 anos, em Lisboa, concluí que não queria mais dançar. Então, ingressei em artes, na Escola Artística António Arroio, onde descobri três novas formas, nas quais tenho muito gosto em me expressar, Cenografia, na A.A , o Teatro no Teatro da Garagem e a Escrita, principalmente explorada em diários gráficos. Concluí o décimo segundo ano aos 21 anos, simultaneamente já começara carreira em Restauração. Aos 22 anos descobri a Performance através da participação num curso, FOR Dance Theater, na Companhia Olga Roriz. Recentemente, já com 23 anos, retornei ao Algarve, a Portimão. Continuei a trabalhar em Restauração e frequentei aulas de Alemão, nível 1, através do IEFP. Retornei a dançar e a fazer teatro, mais profissionalmente através do Dancenema, acrescentando que faço intenção de iniciar currículo académico universitário aprofundando os meus conhecimentos em termos históricos, culturais e artísticos, ansiando ser Criadora Intérprete.

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