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Rosas nuvem

as nuvens estão cor-de-rosa.
por fora e por dentro; não têm forma.
essas são somente o relevo que o céu
concebeu, esses nimbos rosa que, admito,
significam muitas vezes que o zéfir gira à tua
volta. não giro eu.
pinky swear, prometo, é neste sol que me
derreto, não aguento a luz nos meus olhos,
os meus pigmentos disformes aos raios ocre que
rebentam as nuvens e dos seus
contornos se alimentam.

hoje, o dia trouxe consigo
rosas nuvem, geometricamente falíveis, e imagino
que como o céu se abre gárgula à chuva, os cirros
se abrem, chuva, às gárgulas, e entre as promessas de
dilúvio, prometo não voltar a pintar cores tão revoltas em
telas firmes como o firmamento onde salpicado o
astro-pai irradia a mãe-astro e juntos se entreolham e
têm a sorte de existir onde a nuvem se forma, no ponto
do horizonte onde se joga - à bola - com a esfera, e não
chove, pelo simples facto de não haver que chover. lá no alto
​a silhueta é outra. e ambas estão certas. e ambas mudam
de tom.

por vezes,
penso que foram estes dias
que inspiraram a tua existência.
e o mundo fica um nadinha mais
​na mesma.

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O seu último livro foi Curva (2020). Poeta, videógrafo, dirige a revista DILÚVIO desde 2019. Licenciado em Jornalismo e Comunicação pela Universidade de Coimbra.

Bruno Fidalgo de Sousa

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