Fintar o Opmet
- Tenho cara de andar com o tempo de trás para a frente?
- Tens pinta de quem o finta - respondeu-me quem nunca me mente.
Electricidade, Choques. Com tinta.
Da China preferencialmente.
E a saudade?
Do outrora tão presente?
Sussurra-me o passado, emoções, sem palavras nem travões. Futuro conquistado.
Sussurra-me tentações,
Com requinte,
Qual ouvinte,
De coração virado para a feição
do vento que está por chegar.
Ao mar, que existe dentro da poção que bebemos tão amniótica como hipnótica, ainda antes de nascer.
Ver para descrer. Crer para ver.
Contudo: "Tens pinta de quem o finta." - ficou-se-me.
- É só fruta, come.
Mas eu queria sumo, que a fruta custa a mastigar.
Tento seguir o meu rumo,
Mas não me querem deixar.
- Finta então. Finge que gostas do que estás a fazer para apaziguar a paixão.
Mas não...
- Pinta o tempo a andar para trás e reza para que ele não exista.
Não faças dele capataz de um destino sem pista.
- Finto como? Como é que se finta algo que não se vê?
- A finta já foi feita, agora senta-te, relaxa e sêa.
Nuno Gomes
Sempre escrevi. Aos sete anos a minha professora primária mandou um texto onde escrevi que as cerejas ao contrário parecem um baloiço.
Depois, apaixonado escrevia poemas às minhas namoradas. Na Universidade, fiz histórias aos quadradinhos. Guardei-as todas e perderam-se. Aprendi línguas e continuei a escrever poemas apaixonados em várias. Mas sempre dentro do contexto da paixão. Há cerca de 2 anos um grande amigo que me conhece bem desafiou-me a traduzir Pessoa para inglês, para as letras da banda dele. Como não correu mal, estendeu o Desafio para letras livres. Aceitei. Depois conheci a Cláudia que me arrancou do âmago letras atrás de palavras. E nunca mais parei.