Era Noite, é Sempre Noite e já não sei ser Outra Coisa
Era noite, é sempre noite e já não sei ser outra coisa.
Parecia um abraço apertado,
Juro que parecia um abraço apertado,
Eu não sabia que se deixasse,
Findaria.
A inocência é um sorriso no rosto triste de alguém,
É achar que as palavras são inocentes,
Nunca foram e eu nunca fui.
Entristecia.
Era de noite e juro que parecia um abraço apertado.
Era a inocência da lua sobre ela,
O prazer do aperto deixando que a sufocasse.
Adormecia.
O sono acabou por vencer.
O sono acaba sempre por vencer,
E eu, eu não sei para onde fui.
Sara Martins
Sara tem 26 anos e é natural de Monchique.
A inspiração sempre lhe correu nas veias e o gosto pelas artes e palavras ajudou em muito a escolha da sua área de formação - artes visuais -, onde aprendeu a observar o mundo de uma forma mais atenta. Foi aí, num período de descobertas, que o seu interesse pela leitura despoletou entre Fernando Pessoa e Cesário Verde: dois grandes mestres que a levaram a ler ainda mais. A necessidade de escrever juntou-se ao gosto pela observação e pela leitura e assim nasceram os seus primeiros poemas.
Em 2015, Sara Martins trocou a serra pela cidade e mudou-se para Faro. Entre o ensino secundário e o ensino superior, decidiu tirar um tempo para si mesma e focou-se na escrita.
Atualmente, Sara é licenciada em Design de Comunicação pela Escola Superior de Educação e Comunicação da Universidade do Algarve e exerce a profissão. Não deixou de escrever, pelo contrário, tem vindo a desenvolver textos e poemas que agora agrupa numa só obra.
"No Avesso das Horas" é o seu primeiro livro.