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Cidades Adoptivas

relembra-me de novo
essa antiga cidade
babilónia de flores e de cal,
de quando partilhamos
o vinho de poetas
e todo o circo sentimental,
a que nos rendíamos
sempre
antes de regressarmos
na busca
pelos tesouros
nas névoas da volúpia
- a tentação de todos os
corpos sem rumo
nem idade.

recordas me
da nossa cidade natal
embarcando no expresso
da minha imaginação erótica

um encontro
numa qualquer avenida

um ataque cardíaco
provocado pelo excesso
ou apenas mais outra briga de bordel

sem mais assunto
para conversa de cinéfilos
sem cigarros
e sem sitio para dormir
as donzelas oferecem-me o abrigo
e eu desmonto a trouxa
aceitando todo o calor humano
no couraçado abrigo
​de mim mesmo.

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Hugo Neves

Sou proveniente de Lisboa, mas vivi grande parte da sua vida entre o Algarve e o Alentejo de onde a minha familia é originária. Escrevo e leio o primeiro poema aos 15 anos no patio da escola e parti daí tornei-me o letrista oficial de algumas bandas de amigos. Primeiro a música , depois mais tarde as viagens e a redescoberta de um mundo mais marginal. Os outcasts, vivendo outrora esquecidos. E aprendendo assim lições de vida com pessoas que viveram as suas vidas fora das escolas instituições e do "politicamente correcto". Tudo isto foi sempre um pouco do que de uma forma bastante simples inspirou me a escrever até hoje.

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