Morte do Artista
“Morreu..”
“Não viveu...”
“Não sobreviveu...”
Alguém que o mundo valor não deu.
Foi mais um artista que cedeu,
Mais um que os sonhos perdeu.
Mais um! Mais um!
Mais tanto mais ou menos incomum.
O Sangue que escorre na tela,
As palavras ditas naquela cela.
As formas e linhas de sexualismos invejosos,
O toque e as pinceladas delicadas e manhosas.
O Sangue na banheira,
Com uma foto da família á sua beira.
Escorre sobre a água e azulejo,
Um senhor no seu esconderijo.
O Sangue no sofá,
Quem vê reconhece uma vivência má.
Manchas de variado odor e teor,
Terra onde um senhor conheceu a dor.
“Morreu..”
“Não viveu...”
“Não sobreviveu...”
Alguém que o mundo não conheceu.
O Sangue no balcão,
Em locais tão característicos e em vão.
Luz acesa sobre a mesa,
Numa torneira de água presa.
O Sangue no quarto,
Local onde presencia o parto.
Almofadas mexidas,
Sonhos em noites mal dormidas.
O Sangue no passadiço,
Onde caminhava um senhor irritadiço.
Fiel á sua arte,
Nunca adivinharia ele tal desastre.
Sangue! Na Porta!
Lá está ele uma pessoa morta!
O senhor é a pessoa que ali vejo,
Numa nada original performance como último desejo.
“Morreu..”
“Não viveu...”
“Não sobreviveu...”
Alguém que o mundo esqueceu.
Francisco Carmo
Sou um jovem que ama arte, e que ambiciona viver dela. Faço arte desde de que me lembro e vou fazer arte até deixar de me lembrar, e aí vai ela falar por mim.