Coração de Plástico
Com este bater vazio,
Neste espaço sombrio,
“É isto que sinto... O frio?”.
Neve em dias de Verão,
Neste olho que já não vê são,
Neste dom infantil e sério.
Um dia me cumprimentarão,
Um dia quando me erguer do chão.
Com esta mão te dou vinho,
Com este pé ando sozinho.
Numa estrada sem corrimão,
Numa linha onde me alinho,
Numa estrada que não é o meu caminho.
Com este vazio espanto,
Neste sombrio recanto,
“É este frio... que sinto?”
Ondas em dias de inverno,
Linhas de seno e cosseno,
Matemática na vida é um tanto,
Como cada linha de pano,
Matemática é um modo de vida insano.
Vespa de linho pecador,
Como um bruxo orador,
Num século de moderno espanto,
Não prenuncies a tua dor,
Pois és um bruxo e como tal não tens valor.
Com o teu andar destruído,
De vestes únicas mal vestido,
“O que sentes... é medo?”
Continuas o teu caminho bruxo,
Não derretes no verão? Luxo.
És tão estranho destróis a realidade desde cedo.
Não congelas no inverno? A inveja puxo,
Pois doente somos num mundo frouxo.
Gozam com o homem único,
Chamam bruxo que irónico.
Ele é mentiroso pardo,
Um espécime icónico,
Este bruxo católico.
Homem que gosta de arte,
Pinta como um bruxo de “marte”,
“Medo! Que feio! Que desastre!”.
Não és inovador,
Mas não és imitador,
Essa é a opinião da nossa parte.
São estes monstros sem pudor,
Criticam como um homem perdedor.
Criticam o teu saber,
Mas não te deixam conhecer,
São o típico cobarde predador.
Vão derrotar quando o bruxo ceder,
Vão derrubar o homem que tem tudo a perder.
Não deixes morrer o teu fogo estático,
Afinal de contas tens algo característico,
Como te dizem “coração de plástico!”.
Francisco Carmo
Sou um jovem que ama arte, e que ambiciona viver dela. Faço arte desde de que me lembro e vou fazer arte até deixar de me lembrar, e aí vai ela falar por mim.