Desejo Mútuo Lágrimas
Que correm o teu sorriso. Beijos...
Que molham os teus olhos.
Roubo-te a vida, Roubo-te os desejos.
Destruo-te a vida, Destruo-te os desejos.
Amei outra pessoa, Beijei outra alma.
Sou um rio que não coa, Pois só uma vez se ama.
Não sinto a tua falta, Porque não te sinto.
Mas faz bem a tua falta, E é aí que te minto.
Não é a ti que escrevo, É a ti que tiro as vestes.
É a mim que transcrevo, Em palavras que sentes.
Tato onde o coração repousa, Beijos onde o óbito imagina.
Violência que o tempo descansa, Mãos onde se escreve a sina.
Perdura o sabor, Sentada sobre o luar.
Usa o meu amor, Mesmo quando o sol acordar.
No amor e na doença, Infecta o teu egoísmo.
Casa-te com cabeça, Não alimentes o meu erotismo.
Noites acordados, A lutar por nós.
Manhãs embalados, Sem roupa e a sós.
Por favor deixa-me ir, Esconde o teu desejo.
Não és tu que tenho de sentir, Por favor não sejas tu quem vejo.
Não deixas as escadas, Não subas onde sou fraco.
Dá-me as mãos atadas, Sente-me e explora o meu tato.
Deusa engana-me de novo, Deixa-me viver a mentira.
Pelo menos mais um sono, Nesse rastejo de víbora.
Veneno pelo menos mais uma vez, Aconchegados até ao amanhecer.
O teu corpo nu de uma vez, Num sítio onde não te possa esquecer.
Mas é nas lágrimas... Que correm o teu sorriso.
Mas é nos meus beijos... Que molham os teus olhos.
Mas é aí que acordo.
Francisco Carmo