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Utudopia

Tudo.
Humanos, animais, florestas, mares, rios, montanhas, tudo!
Nem um a menos.
Alimentam-nos com fenos, provenientes de dor e choro. É como se na água tivessem colocado um cloro, que nos insensibiliza à medida que vamos crescendo. E aprendendo o que querem que aprendamos.
Quero tudo. Vamos!
Preciso que a dita civilização respeite tudo. "Ah, mas tem de haver progresso.; "Temos de viver."; "Temos de comer.";
Não quero saber. Tudo. Quero tudo isso.
Gosto de pensar em oportunidades como comboios que passam. Alguns deixam saudades, outros têm carruagens em vão. Não os podemos apanhar a todos. Apanhamos uns, alguns, outros esperamos que trezentos e sessenta. É claro que os animais também sentem. É claro que sem florestas também vivemos - nós, os humanos, os supra-sumos da criação. Os senhores dos multiversos que reinam num palavrão. Num insulto. E depois, num tumulto. Em multiprosas tento expressar ideias que deveriam ser óbvias, mas que, por condicionamento de mentalidades, não o são. Amar. Tudo.
Nem um a menos.
Ensinamos às criancinhas que a vaquinha é fofinha e faz "muuuu", e depois por cima manipulamos que existem para nos dar leite tirado a cru. E nós, existimos para dar o quê? E os porquinhos tão fofinhos, mais os coelhinhos, e noutras culturas outros bichinhos. Entendes porquê? Ensinam-nos que comer este, pode-se, mas aquele, já não... Porra, que já temos tecnologia na mão! Para parar com isto tudo! Mais um comboio, mais uma viagem. "O dia em que a terra parou" é hoje e foi ontem. Amanhã só será diferente se o maquinista parar, descer e apreciar a paisagem.
Plásticos, pára tudo.
Comecem a limpeza dos oceanos.
Fábricas de comida, deixem de massacrar os bichanos. Um gato adormeceu no meu regaço...
E a tua cor da pele que é um encanto, vem, vou dar-te um abraço.
Tudo. Quero tudo. Quero que a humanidade tente!
Contentar-me-ei, de inicio com os mínimos, pois sei bem que os máximos encandeiam muita gente. E depois, depois quero tudo. Irra! Quero que ele encontre de onde vem a sua ira e num acto de coragem, saque-a. Não para mim enquanto indivíduo, mas para a minha espécie Terráquea. Irra!
É pedir muito, irmão?
Sou assim tão inocente por querer viver em união? Sei que não. Sei que parece impossível...  Mas também o era cruzar os oceanos num avião. Tornou-se ou não viável? Ou num cargueiro, que é onde nos encontramos agora, trabalhamos o dia inteiro, para não pensar na nossa demora.
Quero tudo. Florestas reflorestadas, Hortas bem trabalhadas, laboratórios a produzir, as proteínas que o meu corpo precisa de consumir. E depois, distribuir.
Quero tudo. Se não forem os filhos, que sejam os netos a ouvir. Vem aí outro comboio, vou apanhá-lo e separar o trigo do joio.

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Nuno Gomes

Sempre escrevi.
Aos sete anos a minha professora primária mandou um texto onde escrevi que as cerejas ao contrário parecem um baloiço. Depois, apaixonado escrevia poemas às minhas namoradas. Na Universidade, fiz histórias aos quadradinhos. Guardei-as todas e perderam-se. Aprendi línguas e continuei a escrever poemas apaixonados em várias. Mas sempre dentro do contexto da paixão. Há cerca de 2 anos um grande amigo que me conhece bem desafiou-me a traduzir Pessoa para inglês, para as letras da banda dele. Como não correu mal, estendeu o Desafio para letras livres. Aceitei. Depois conheci a Cláudia que me arrancou do âmago letras atrás de palavras.
E nunca mais parei.

Nuno Gomes
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